28 de set. de 2011

The Gift of Sound and Vision


Busco o alto, em muros, telhados
Pelos galhos das árvores e calhas e lages
Sou como visão do gambá ancestral
De modos de lua e olhos de sol

Busco o escuro e os cantos molhados
Por musgos, samambaias e vasos e telhas
Sou como tentáculo da antiga espiral
Eternidade presente de caracol

Alternam perenes os claros e escuros
Por sons,  de luzidias cendelhas
Sou o guardião da canção celestial
A vibração do gongo, o farol

Oh Fonte, Luz Sombria
Que a Eternidade Entretem
Oh Silenciosa Sinfonia
Ressona Existência e Além




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24 de set. de 2011

A Batalha


A eternidade feroz que me acompanha sempre
para onde quer que eu vá
Me fere eu a firo, de morte
mas ela sempre estará lá

Um oponente atroz sempre astuto e valente
em um embate sem trégua
Lhe perfuro o peito, ele cai
e novo sempre levantará

Nos olhos escuros brilha a chama, a força
gentil segura e perene
Sem medo, suave consorte
fria domina a vida e morte



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23 de set. de 2011

Mistério


Procura, questiona, mas não pode encontrar
proíbe, com medo, o que não há de cessar
A ira desperta, mas já não há o que fazer
o que quer comigo não tenho, mas veja
se de fato deseja, pois cresce por todo lugar.

Ao chegarem, afoitos, insensíveis e brutos
pisoteiam a delicadeza que brota aqui e ali
Então, oculto o que há de mais precioso
seus sentidos nebulosos deixam passar
o que mesmo diante dos olhos poderia estar.

Aquilo de que  precisa (ou crê que precisa)
lhe incutiram com muito engano e malícia
De seu galardão impalpável está certo
diante do altar são tantas promessas
segue com gana, vivendo as avessas


Entre telhados e muros por vezes ela cresce
nos recônditos espaços também aparece
Mas até que a bruma noturna esclareça
aquilo que a luz do dia tem por devaneio
que não haja receio, enfim, que irá perdurar?


Então pare, se demore um pouco
espere, uns instantes que seja
momentos apenas, nada mais
e decerto o tempo te mostrará
o que a vida toda esteve a buscar




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Haiku II




Fim de tarde, o Sol enrubesce
a Lua aparece, faceira
e as estrelas descem a brincar no capinzal





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8 de set. de 2011

"Esses relógio são meus objetos de estimação. São apenas uma imitação muito imperfeita de algo que cada ser humano tem no peito. Pois, assim como vocês têm olhos para enxergar a luz, ouvidos para ouvir sons, também têm um coração para perceber o tempo. Todo o tempo que não é percebido pelo coração é tão desperdiçado quanto seriam as cores do arco-íris para um cego ou o canto de um pássaro para um surdo." 

Michael Ende, em "Momo e o Senhor do Tempo"


Normalmente não posto material que não seja de minha autoria, mas para esse trecho abri uma exceção.