3 de jul. de 2011

Inferno


Exalam suspiros ao cair da tarde
Ignoram os signos, a serpente e a faca
Então teus servos constroem três casas
Nelas as paredes têm olhos e ouvidos
Quartos solitários, caminhos ocultos
Os túneis fedem venenos e sacramentos
E os mortos governam das profundezas

Lágrimas correm ao chegar a noite
Quando traiçoeira a porta se tranca
Aleijados e mudos, seus servos sufocam
Seduzidos por teus lábios vermelhos
Enganados por teus hábeis conselhos
Prostrados, reverenciam-te de joelhos
Tuas enluvadas mãos já não tocam

Na hora das trevas vem o desespero
Quando enfim ela revela sua face branca
Em fúria e loucura se agitam os gatos
Até mesmo a lua se esconde no céu
O sangue escorre manchando o véu
É então que o fogo cumpre seu papel
E tua carne viva é comida por ratos

E mais uma volta a roda segue girando
E aquilo a que dizes fortuna ou desgraça
São linhas que as três seguem tramando
Aos meros caprichos a questão que se faça
Quais são os sonhos que sustentam o alento
E quiça fora do tempo, ao levantar do pano
Compondo a visão da engrenagem do eterno
Vivam os deuses e demônios no coração humano



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